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Há três anos eu decidi sair de um emprego e me arriscar a fazer histórias em quadrinhos. O plano, ou melhor, o sonho era simples: desenhar para a Marvel, ganhar muitos dólares, ser conhecido e dar autógrafos em convenções de quadrinhos por todo o mundo.
Hoje, o meu sonho é outro. Eu quero continuar fazendo quadrinhos, simplesmente porque eu adoro fazer isso.
Hoje, eu quero fazer quadrinhos, não pra ganhar muito dinheiro, ou pra ser indicado a prêmios, nem pra entrar em listas de “melhores do ano”. Dane-se tudo isso. De verdade. Eu quero contar as histórias que eu quiser contar, quando eu sentir que elas devem ser contadas, pra quem quiser lê-las. Histórias que digam alguma coisa para essas pessoas, que toquem elas de algum jeito, que mudem para sempre as vidas delas, nem que esse para sempre seja por alguns minutos.
Hoje, eu quero ser bom de verdade, desenhar tão bem quanto meus artistas favoritos. Mas eu não quero só desenhar. Quero contar histórias diferentes das que eu já leio por aí. Histórias que signifiquem alguma coisa pra alguém, do mesmo jeito que tantas histórias que eu li quando era pequeno significaram tanto pra mim.
Hoje, eu não me arrependo da decisão de três anos atrás. Uma hora a gente tem que olhar pra dentro pra ver o que quer fazer de verdade. Tem que tomar uma atitude, por mais difícil que seja. Não deixar seu sonho ir embora pensando “ainda não é hora” ou “eu não sou bom o bastante”. Tem que arriscar. Porque só quando somos testados é que a gente descobre quem a gente é de verdade. Hoje eu sei quem eu sou, o que eu quero e, principalmente, sei quem eu quero ser.
Vai ser ótimo se um dia eu desenhar uma história do Homem-Aranha pra Marvel ou conseguir me sustentar só fazendo quadrinhos. Mas eu não penso nisso agora. Tô ocupado demais começando a viver o meu sonho.
Sobre as HQs que levei pra vender lá, não podia ter sido melhor. Chegamos quinta-feira à tarde e, no sábado, já tínhamos vendido todas as cópias (umas 115) de The Cute Teens and The Lame Zombies/An Olive Song que tínhamos levado. Acho que o fato de ter tido uma zombie walk lá na sexta ajudou bastante nas vendas.
Encontrar velhos conhecidos foi ótimo. Tem gente que podemos ficar um ano sem ver que, quando encontramos, é como se tivéssemos ido ao barzinho há uma semana. Tem gente que basta conversar cinco minutos pra nos sentirmos velhos amigos. E tem gente que vai ficando mais legal a cada vez que a gente vê.
Comprei e ganhei muitos quadrinhos legais lá, muitos mesmo. Mas admito que voltei a BH com uma vontade grande de ler quadrinhos de super heróis.
Conhecer gente nova e legal foi, para mim, o ponto alto do evento. Conhecer gente que tem gostos parecidos com os nossos, gente que a gente admira, que a gente gosta só pelos tweets da pessoa e ver que essa pessoa é de verdade e ainda mais legal ao vivo foi o melhor. Ganhar um desenho do Puny feito pela talentosíssima Cristina Eiko no dia que eu tava mais cansado e estressado fez valer o dia.
Seria impossível falar aqui o nome de uma por uma das pessoas incríveis que marcaram esses dias de evento. Mas faço um agradecimento especial aqui às ladies comics Mariamma e Samanta e seus respectivos namorados, Thiago e André, pela companhia nesses dias e, principalmente, pelo bom humor e pelas risadas nos inevitáveis momentos de emboscada.
Não deu para aproveitar tanto o Rio dessa vez, mas vale registrar a noite em que Lu e eu comemos uma porção de camarões em que cada camarão era maior do que nossas cabeças (juntas) e uma ida rápida à praia com muitos cãezinhos ao nosso redor.
Aprendemos muito na Comicon também. Nem tanto com as palestras em si, mas, ao conversar com minha irmã (enquanto devorávamos uma pizza gigante, sozinhos, no sábado de madrugada), a gente chegou a várias conclusões sobre porque a gente faz quadrinhos, para quem a gente faz quadrinhos, aonde queremos chegar nos próximos anos, quem queremos ser... Um dia eu faço um post sobre isso. Prometo.
Para finalizar, você pode ver aqui uma cobertura bem legal do evento feita pelo Daniel Gnattali, em forma de quadrinhos.
http://danielgnattali.blogspot.com/
E dá uma olhada também no diário de viagem da Samanta Flôor, que não fala só do evento mas tá muito divertido.