Esse é um post extra desta semana. Já aviso que o texto a seguir é gigante e não tem nada a ver com Puny Parker. Os extras da primeira temporada continuam normalmente na semana que vem.
Faz pouco mais de três meses que eu terminei um namoro. Meio que por coincidência, foi mais ou menos na mesma época em que eu separei o Puny da Pequena MJ e ela teve suas tirinhas solo.. Só pra te situar, terminamos num sábado à noite. A gente não tava se entendendo já tinha umas duas semanas, a gente não tava no momento certo, não tava sabendo lidar com umas mudanças e terminamos. Ok, todo mundo já passou por isso. E é aqui que começa minha história.
Assim que a gente terminou, eu tinha uma certeza: ela ia voltar pra mim. Podia demorar uma semana, um mês.. fato, ela ia voltar. Por que eu tinha tanta certeza? Porque isso sempre acontece. Mesmo quando eu nem imaginava que pudesse acontecer, principalmente quando eu nem imaginava que isso pudesse acontecer, elas sempre voltavam. Sério, por mais que eu tivesse tido um quase-namoro péssimo de dois meses com uma menina, dali a alguns dias ela ia querer voltar. Mas dessa vez não. O tempo foi passando e justamente por essa vez eu ter certeza, isso não aconteceu.
Como eu disse, o tempo foi passando e isso dela não querer voltar começou a me incomodar. Um mês e meio depois da gente terminar eu comecei a raciocinar sobre essa situação. Por que justo com ela isso não tava funcionando? Por que ela não voltava? Quê que eu faria pra ter ela de volta? Eu realmente queria ela de volta? Por quê? Num momento bem racional de minha parte, eu pensei em quatro opções que podiam responder essas perguntas:
a) Na verdade eu não queria ela de volta, eu só queria que ela quisesse voltar pra mim. Uma questão de orgulho, ou pra manter a tradição, sei lá...
b) Eu queria ela de volta porque eu não queria ficar sozinho.
c) Eu queria ela de volta porque eu sentia que a gente ainda tinha mais coisa pra viver juntos. Que não era hora de terminar ainda.
d) Eu queria ela de volta porque eu realmente gostava dela.
Fiquei um tempão dividido entre as duas primeiras opções. Sendo bem sincero comigo mesmo, lembrando do que eu vinha pensando, pensando em fazer e fazendo naquelas dias, elas faziam mais sentido pra mim. Elas pareciam ser minhas respostas.
Semana passada encontrei por acaso com essa minha ex-namorada aqui perto de casa. Era sábado à noite, eu tava voltando pra casa todo mulambento de calça rasgada e camisa velha e ela tava num bar toda arrumadinha com uns amigos. A gente se cumprimentou e foi só isso. Chegando em casa contei pra minha irmã que tinha visto ela, daí meio que sem querer, eu sentei no chão do quarto da minha irmã e começamos a conversar.. Minha irmã é uma das pessoas mais geniais que eu conheço, ela é estranha, super talentosa e mesmo que ela passe a maior parte do tempo só me ouvindo falar, conversar com ela sempre me faz bem.
Falei com minha irmã sobre isso que eu tava pensando, sobre elas sempre voltarem quando a gente nem tá pensando nisso e dessa vez, justamente por eu contar com isso, não aconteceu. Falei sobre esses meus pensamentos de porquê eu poderia querer ela de volta frisando as duas primeiras opções e depois de um bom tempo conversando comecei a lembrar de toda minha relação com essa minha ex-namorada. Eu lembrei de tudo, desde o começo, fiquei um tempão falando e minha irmã ouvindo.
Depois de três meses naturalmente evitando pensar nisso porque tinha acabado e não ia ser legal pensar nisso, eu finalmente parei uma hora e lembrei de tudo. Lembrei do nosso começo despretensioso, lembrei de como ela foi me conquistando aos poucos, lembrei do exato momento em que eu me apaixonei por ela, lembrei dos nossos primeiros encontros, principalmente do terceiro. Lembrei de como ela foi acabando com minha resistência e como eu fui desconstruíndo preconceitos dela. Lembrei de todas as cartas que eu escrevi e que eu recebi sem precisar ler elas. Lembrei de tudo que não foi dito na hora certa. Lembrei da noite em que a gente começou a namorar oficialmente, de como no dia seguinte eu ficava lembrando dessa noite anterior e parecia que eu tava bêbado ou sonhando de tão surreal que tinha sido tudo. Lembrei de como minha vida começou a andar depois que eu a conheci (tipo o Rocky com a Adrian, sabe?) e de como continuou andando depois que a gente terminou. Depois disso, lembrei dos momentos em que eu não gostei dela tanto assim, me esforcei e consegui lembrar de quatro momentos. Foi mais ou menos uns trinta minutos falando de coisas boas e uns dois me esforçando pra pensar em porque eu deveria não gostar dela. E finalmente tô começando a chegar no ponto que eu queria chegar com esse texto.
Por mais que eu tentasse, eu não me via dizendo um não pra ela, nem mesmo um talvez caso ela quisesse voltar comigo.. fato, eu queria ela de volta , o que eliminava a letra (a).
Umas oportunidades que eu nem quis aproveitar nesses três meses eliminavam a opção (b). Eu não queria ficar com qualquer uma. Nunca fui assim. Demorei pra caramba pra namorar de novo depois que terminei com minha primeira namorada. Não queria ficar com ninguém que não fosse tão legal quanto ela. Fora que eu sempre fiquei muito bem sozinho. Geralmente eu sou bem mais esperto e produtivo assim, solteiro.
Lembrando de tudo, eu vi que a gente tinha muita coisa pra viver juntos sim, mas que também não era essa letra (c), já que lembrar do passado me fazia sentir tão bem.
Naquela noite, no quarto da minha irmã, depois de toda essa conversa, uma coisa ficou clara pra mim. Eu a queria de volta por que eu realmente gostava dela (d).
Eu gosto dela e quero que a gente fique juntos.
Ok, essa seria a hora clichê em que eu diria, ‘agora que eu sei disso, farei de tudo pra que ela volte pra mim’, certo? Nah, isso só dá certo em comédia romântica. Eu penso que, se um dia, ela quiser voltar pra mim, vai ser por ela, independente de qualquer gracinha que eu fizer ou falar. Outro pensamento clichê que poderia partir dessa minha cabeça acostumada a filmes e seriados adolescentes seria o nobre ‘agora que eu sei disso eu vou esperar por ela pra sempre’, certo? Mas sorry, eu não sou uma putinha que fica choramingando pelos cantos ouvindo Fresno no canto do quarto, ou que fica ligando pra ex-namorada pra sondar o terreno ou implorando pra voltar. Não, e esse é exatamente meu ponto aqui. A certeza que eu tenho é que eu amo minha ex-namorada. E pronto. Eu não posso contar que ela vai voltar um dia. E eu nem preciso. Eu quero que a gente volte, claro, mas eu vou continuar vivendo minha vida do meu jeito, e ela a vida dela, do jeito dela. Talvez a gente fique junto um dia, talvez não. O que eu sei também é que se ela não voltar, minha próxima namorada vai ter que ser muito incrível pra chegar no nível da Rafinha, essa ex. Pra fazer eu me sentir realmente especial como ela fazia. Essa futura namorada não vai precisar ser perfeita pra mim, a Rafinha não era, na verdade ela tava longe disso. Mas nossas diferenças me faziam bem. Me faziam pensar sobre as coisas.
A certeza que eu tenho é que eu amo a Rafinha. E, mesmo meses depois de ter terminado, a lembrança disso faz bem. Porque isso é real, é forte, é meu e hoje, pra mim, isso é suficiente.
Eu avisei que o texto não tinha nada a ver com Puny Parker.. talvez tenha pra quem se identifica com o personagem, pra quem passou metade da sua vida tendo paixões platônicas como a dele, pra quem tá acostumado a esconder seus sentimentos bem, bem escondidos. Pra quem fez a mesma cara de ‘que absurdo’ que o Charlie Brown fez quando ouviu que era melhor 'ter amado e perdido do que nunca ter amado'. Esse texto tá aqui porque eu realmente não tinha outro lugar pra escrever ele. E como estamos na entre safra de tirinhas, acho que tem pouca gente vindo aqui e vocês não iam se importar. Esse texto tá aqui porque minha ex-namorada não frequenta este blog e, que eu saiba, nenhum amigo dela vem aqui também, então provavelmente ela nunca vai ler isso. Esse texto é pra mim, pra eu me lembrar um dia que eu também tenho meus raros momentos de maturidade e reflexão. E pra quem teve paciência de ler tudo até aqui aproveitar pra pensar também sobre o que você quer mesmo, o que vale a pena. O quê que você sente de verdade. É isso que o Puny tá fazendo nesse exato momento.
Vitor Cafaggi